quinta-feira, 28 de março de 2024

Razão individual e inconsciente coletivo.

 Hoje sabemos, graças aos estudos precursores de Sigmund Freud, que os indivíduos agem em grande medida sob impulso do inconsciente, mas isto ocorre pois tais indivíduos vivem em sociedade de forma alienada, porquanto as relações de produção que eles contraem entre si escapam ao seu controle e os governam silenciosamente, consoante demonstrado por Karl Marx em sua obra O Capital.


Eu diria, então, que a razão é individual, mas o inconsciente é coletivo.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.



quarta-feira, 27 de março de 2024

Marx foi um estruturalista avant la lettre?

 Depende!


Se considerarmos o estruturalismo como deslocamento do sujeito da história, de tal forma que as estruturas sociais tomam o lugar dos seres humanos como seu protagonista, então diria que sim!


Mas o estruturalismo peca por certo imobilismo, com suas estruturas sociais perenes e de certa forma calcificadas, a saber, imutáveis ao longo do tempo.


Na obra de Marx, tais estruturas sociais são denominadas relações de produção e são categorias históricas, vale dizer, mudam e se tornam mais complexas com o passar do tempo, a exemplo das relações de produção sucessivamente consubstanciadas na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda fundiária e no capital financeiro: seria uma espécie de, por assim dizer, estruturalismo histórico!





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 24 de março de 2024

Sobre a violência.

 Sobre a violência:

Revidar na hora, de forma mortal, a um ato de violência enseja até o perdão por insanidade temporária. Como em casos passionais.


Se os eventos de ação e reação forem separados por alguns dias a retaliação pressupõe premeditação portanto agravamento.


Mas se a retaliação é resultado de anos de preparo aí é classificado como terrorismo: os pilotos kamikazes das torres gêmeas cresceram em campos de refugiados.


A imprensa russa mostra o depoimento de um atirador que declara ter agido por dinheiro. Este é um novo tipo de terror. Sem fé.


Entropia no caos.




Por Saurius 

sábado, 23 de março de 2024

O maior de todos os historiadores.

 Não é habitual creditar Karl Marx como historiador, conquanto ele tenha sido o maior de todos os historiadores.


Em geral, pensamos que a história deve enfocar os seres humanos no âmbito dos acontecimentos políticos de que são protagonistas, com datas bem determinadas e reconhecidas por qualquer um.


Mas Karl Marx inaugurou uma outra forma de confeccionar historiografia, inaugurando uma vertente da história econômica que se debruça sobre o evolver das relações de produção que os seres humanos estabelecem entre si de maneira involuntária e um tanto inconscientemente, uma história sem heróis nem grandes acontecimentos, a saber, uma história subterrânea sem datas precisas, mas sim um tanto difusas.


Esse tipo de história econômica foi inaugurado com a publicação da monumental obra intitulada O Capital, em que os sujeitos dessa história não são propriamente os seres humanos, mas as relações de produção que os regem silenciosamente, consubstanciadas, verbi gratia, na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda da terra e no capital financeiro.


Uma história que os seres humanos fazem inconscientemente, da mesma forma como fazem muitas outras coisas, como demonstrou também Sigmund Freud.


Essa mudança de perspectiva faz de Karl Marx o maior de todos os historiadores.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Teorias do valor e suas críticas.

 A teoria do valor econômico enceta historicamente por enfocar o processo de produção de capital na obra precursora de Adam Smith, mas não atinge o cerne da questão, encontradiça na ulterior crítica de Karl Marx, que nos desvela a exploração do homem pelo homem na extração da mais-valia.


Os marginalistas desviam sua atenção para enfocar o processo de circulação de capital quanto à teoria do valor econômico, cabendo destacar que a crítica que lhes dirige Keynes claudica precisamente por também cingir-se ao âmbito da circulação de capital.


A crítica da crítica de Keynes, por assim dizer, deverá colocar o problema da inflação na unidade do processo de produção e de circulação de capital, mais especificamente na lei do declínio tendencial da taxa de lucro do capital.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

terça-feira, 19 de março de 2024

Lênin e a inteligência artificial.

 Como já apontei algures, Lênin certa feita definiu o socialismo como a união dos soviets com a eletricidade ou eletrificação, numa síntese brilhante e concisa de relações de produção e forças produtivas, uma síntese que somente ele sabia efetuar na política, daí sua imensa figura histórica, imortal! 


Estou convicto de que se Lênin estivesse vivo, a extinta União Soviética ainda existiria, pois creio que ele teria percebido o potencial emancipatório da revolução microeletrônica ou digital e da sua fase mais adiantada na inteligência artificial.


Talvez ele afirmasse que o socialismo hodiernamente é a união dos soviets com essa inteligência artificial, a qual pode ajudar sobremodo na planificação econômica socialista, com coleta e processamento de dados econômicos de oferta e demanda com eficiência inaudita.


Camarada Lênin, presente!







Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Adam Smith e a inteligência artificial.

 Quando trabalhei como procurador da Previdência Social no âmbito da infortunística, em meados da década de 1990, havia uma verdadeira epidemia de mesopatias relacionadas às lesões por esforços repetitivos, também conhecidas por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.


Na verdade, o aprofundamento histórico da divisão social ou fabril do trabalho é manifestamente ambivalente, pois, se aumenta a força produtiva do trabalho, também o faz repetitivo, monótono e prejudicial à saúde do trabalhador, cabendo destacar que o custo social e previdenciário dessa prejudicialidade talvez diminua ou mesmo anule os ganhos de produtividade econômica.


Por isso, hodiernamente, a inteligência artificial e a robótica atuam em sentido contrário da divisão do trabalho que o torna repetitivo e monótono, substituindo tarefas laborais desse jaez.


Talvez, então, Adam Smith estivesse equivocado ao enaltecer os benefícios sociais e econômicos da divisão do trabalho e da especialização do trabalhador, considerando o atual movimento contrário a esse fenômeno histórico.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.